terça-feira, 10 de maio de 2016

Sífilis - Estágios da doença, diagnóstico e tratamento


A Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Uma das causas é transmitida via contato sexual e que entra no corpo por meio de pequenos cortes presentes na pele ou por membranas mucosas.

A enfermidade se manifesta em três estágios diferentes: sífilis primária, secundária e terciária. Nos dois primeiros, os sintomas são mais evidentes e o risco de transmissão é maior. Depois, há um período praticamente assintomático, em que a bactéria fica latente no organismo, mas a doença retorna com agressividade acompanhada de complicações graves, causando cegueira, paralisia, doença cardíaca, transtornos mentais e até a morte.

O período de incubação, em média, é de três semanas, mas pode variar de 10 à 90 dias.


História

Na Grécia Antiga, não se conhecia a sífilis e as doenças sexualmente transmissíveis (DST) eram chamadas de doenças venéreas numa alusão a Vênus, a deusa do amor.

A partir do começo do século XX, Shaudin descobriu que a sífilis era causada pela bactéria Treponema pallidum e Wassermann desenvolveu um teste para detectar a infecção no organismo.


Sífilis primária

A sífilis primária é o estágio inicial da doença, que surge cerca de 3 semanas após o contágio. Essa fase é caracterizada pelo aparecimento do cancro duro, pequenas lesões avermelhadas nos órgãos genitais que acabam desaparecendo após 4 ou 5 semanas sem deixar cicatrizes. Esse tipo de lesão é característico dos pacientes com imunidade integra. Nas pessoas com alterações da imunidade, por terem sido submetidas a transplantes e estarem tomando drogas imunossupressoras, ou por serem portadoras do vírus HIV ou já terem manifestado a Aids, as lesões deixam de ser únicas e passam a ser múltiplas. São lesões friáveis, ou seja, sangra com facilidade, e, mesmo utilizando medicação específica, o tempo de cicatrização é muito superior ao dos pacientes com sistema de defesa integro.


Sífilis secundária

Em 25% dos pacientes não tratados na fase primária, algumas semanas ou meses após o desaparecimento do cancro duro, a sífilis retorna, agora disseminada pelo organismo. Em alguns casos, o paciente só descobre que tem sífilis na fase secundária, pois a lesão primária pode ter passado despercebida na época. Essa forma de sífilis se manifesta com erupções na pele, classicamente nas palmas das mãos e solas dos pés. Também são comuns febre, mal estar, perda do apetite, dor nas articulações, queda de cabelo, lesões oculares e aumento dos linfonodos difusamente pelo corpo.


Sífilis latente - fase assintomática

Após o desaparecimento da sífilis secundária, o paciente entra na fase latente da doença. Não há sintomas, mas os testes laboratoriais para sífilis são positivos. A fase latente é dividida em latente precoce, quando a contaminação pelo Treponema pallidum ocorreu há menos de um ano, ou latente tardia, nos casos de infecção há mais de um ano.


Sífilis terciária

Os pacientes podem ficar vários anos, inclusive décadas, assintomáticos na fase latente antes de um novo retorno da doença. Esta nova fase, quando os sintomas retornam, é chamada de sífilis terciária, a forma mais grave da doença. O comprometimento do sistema nervoso central, do sistema cardiovascular com inflamação da aorta, lesões na pele e nos ossos, são os sintomas nessa fase. 

Acomete aproximadamente 15 a 30% das pessoas infectadas não tratadas o desenvolvimento do estágio terciário da doença.


Sífilis congênita

É uma doença transmitida de mãe para criança durante a gestação. São complicações dessa forma da doença: aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer.

Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo, tratar corretamente a mulher, para evitar a transmissão vertical.


Diagnóstico

O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. O TR de sífilis é distribuído pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DDAHV/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica dessa IST. 

Quando o TR for utilizado como triagem, nos casos positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para confirmação do diagnóstico.
Em caso de gestante, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.


Tratamento

O tratamento é feito com antibióticos, especialmente penicilina. Deve ser acompanhado com exames clínicos e laboratoriais para avaliar a evolução da doença e estendido aos parceiros sexuais.


Epidemiologia

A OMS estima em 340 milhões o número de casos novos de DST curáveis (sífilis, gonorréia, clamídia, tricomoníase). Os dados da prevalência nos trópicos mostram que a sífilis, conforme a região, é a segunda ou terceira causa de úlcera genital (outras são o cancro mole e herpes genital). Houve recrudescimento da sífilis na Irlanda, Alemanha e cidades americanas, como São Francisco e Los Angeles, em grupos com comportamento de risco, como homens que fazem sexo com homens e profissionais do sexo. Em relação à sífilis congênita, os dados obtidos em programas de pré-natal e maternidades mostraram soro prevalências elevadas, principalmente em países africanos. 

No Brasil, as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) de transmissão de sífilis na população sexualmente ativa são de 937.000 casos a cada ano. Apesar dos vários indícios de subdiagnóstico e subnotificação, foram notificados em Santa Catarina, no período de 1994 a 2011, 8.843 casos de sífilis adquirida, com uma média de 490 casos anuais. Cerca de 60% deles estão concentrados na faixa etária dos 20 aos 39 anos, com discreto predomínio no sexo feminino, possivelmente explicado pela análise incluir dados de gestantes, que são sistematicamente testadas no pré-natal. Em Florianópolis, também tem sido percebido o aumento nas notificações de sífilis nos últimos anos. É possível que o aumento do acesso aos serviços de saúde e maior sensibilização para o diagnóstico e notificação da doença expliquem, ao menos em parte, este incremento, embora um aumento na incidência da doença em nosso meio também seja possível. Entre 2007 e 2014, a Vigilância Epidemiológica recebeu 1.439 notificações de sífilis.



Fontes:




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