Podemos definir o câncer como uma doença caracterizada pelo crescimento
desordenado de células. Essa ocorrência origina tumores malignos, que podem
espalhar-se por diversas partes do corpo. Existem mais de 100 tipos diferentes
de câncer, alguns de tratamento rápido e outros de tratamento relativamente
complicado.
Diante dos números crescentes de ocorrência dessa doença,
principalmente em razão do aumento de hábitos pouco saudáveis, é frequente busca por novos tratamentos. Tradicionalmente as técnicas mais
utilizadas são cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Recentemente um novo
tratamento surgiu e ganhou atenção em todo o Brasil: a fosfoetanolamina
sintética.
O que é a fosfoetanolamina sintética?
A fosfoetanolamina sintética, também chamada de “pílula
do câncer”, é uma substância que foi desenvolvida pelo pesquisador
Gilberto Chierice, da Universidade de São Paulo (USP), do campus de São Carlos.
O pesquisador responsável pela pílula afirma que ela atua em diferentes tipos
de câncer, o que levou a uma grande busca pelo produto.
Vale destacar, no entanto, que, apesar da afirmação de
eficácia, não foram feitos estudos clínicos controlados em seres humanos, e a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autorizou a produção da
substância, que não pode ser, portanto, chamada de medicamento. Ao começar a
distribuição, os pesquisadores possuíam apenas os resultados de estudos feitos
em camundongos.
Qual é a importância de estudos científicos sobre a ação da
fosfoetanolamina em humanos?
Apesar de ter sido distribuída por mais de 20 anos pela
USP, a substância não foi testada cientificamente em seres humanos. Isso
significa que não se sabe se há riscos em relação ao uso do produto e se a
“pílula do câncer” é realmente eficaz.
Muitas pessoas, no entanto, afirmam que, por ser usada em
pacientes terminais, a pílula seria como uma última tentativa na luta contra a
doença. Porém, devemos sempre ter em mente que um produto que os seus efeitos
colaterais não são conhecidos pode trazer dor e maior sofrimento aos pacientes.
Sendo assim, não é porque uma pessoa encontra-se em estado terminal que devemos
expô-la a riscos.
Quais foram os resultados dos testes iniciais com a
fosfoetanolamina sintética?
No dia 18 de março de 2016, os primeiros resultados
de testes in vitro com fosfoetanolamina sintética foram apresentados
e demonstraram pouca eficiência. O primeiro problema diz respeito à
concentração de fosfoetanolamina na cápsula, que era menor que o esperado.
Observou-se também a presença de compostos que não deveriam estar presentes. Os
componentes encontrados foram água, monoetanolamina protonada,
fosfobisetanolamina e fosfatos de cálcio, magnésio, ferro, manganês, alumínio,
zinco e bário.
Além da quantidade baixa da substância e da composição
incorreta, observou-se que a fosfoetanolamina não apresentou atividade
citotóxica (capacidade de destruir as células cancerígenas) nem
antiproliferativa (capacidade de impedir que as células multipliquem-se). A
única substância que apresentou atividade contra as células cancerígenas foi a
monoetanolamina, mas com eficácia relativamente baixa.
Apesar de os testes in vitro não apresentarem
os resultados esperados, testes com material in vivo devem ser
realizados. Segundo o relatório publicado por responsáveis pelo estudo, uma
molécula não citotóxica ou citotóxica em altas concentrações pode apresentar,
conforme evidenciam os trabalhos publicados com fosfoetanolamina, potencial
antitumoral in vivo, possivelmente por depender de rotas metabólicas para
desencadear sua ação. Sendo assim, os resultados preliminares não são
definitivos e necessitam de maiores testes.
Os médicos podem receitar a fosfoetanolamina sintética?
A fosfoetanolamina sintética não é um medicamento
liberado pela Anvisa e, portanto, um médico não pode prescrevê-la como
medicamento. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo informou ainda que,
caso um médico recomende o uso do produto, poderá sofrer advertência e até
mesmo cassação.
OBS: Os relatórios produzidos pelos laboratórios que
estudam a fosfoetanolamina são publicados no site do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI). http://www.mcti.gov.br/relatorios-fosfoetanolamina
Fonte:
SANTOS, Vanessa Sardinha Dos. "Pílula do câncer
(Fosfoetanolamina Sintética)"; Brasil Escola.
Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/saude/pilula-cancer.htm
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